domingo, 21 de novembro de 2010

21 de novembro de 2010

Cansada, cansada, cansada.
Dormir quase nada!
Cansada, cansada, cansada.
Quase dormir.
...
Quero dormir.
Cansada, cansada, cansada.
No sofá estatelada,
Congelada na mesma posição.
Deitada.
Sentada.
Despreocupação?
Dormir quase nunca.
Cansada, cansada, cansada.
...
Escuridão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Poema de Despedida

De novo enchi-me de planos
E luzes-idéias
E promessas para o próximo ano.
Foi assim que o ar
Aquele mesmo, respirado diariamente,
Gasto e fedido,
Ficou mais leve momentaneamente.
Dezembro quase perdeu o sentido
Não fosse eu pensar no mar.
Penso nas ondas pelas pernas,
Nas azaléias...
E enquanto descamo
Em salas de gentes e horas eternas,
Esperando um noturno "eu te amo"
O que me salva é sentir
Que o gosto das férias está por vir.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

GLICÍNIA

Apagaram glicínia do meu dicionário.
Como se já não bastasse o lilás que jazia na página branca,
Resolveram, de vez, excluir a beleza pouca que restava de sua memória naquela impressão sem luxo.
Glicínia merecia tanto...
Cachos pendentes de flores roxas exigiam mais do que a definição remota da cor dos lábios de uma mulher morta.
Não contive minha indignação!
Onde colocaram glicínia?
Extirparam a língua e o meu coração?
Ah, meu Deus!
Apagam palavras como apagam as luzes, assim, sem pudor ou compostura.
Então encontrei-na nas velhas folhas de um vocabulário ilustrado de 1979 e meu coração apaziguou-se momentaneamente:
Sim, havia um lugar reservado e especial para glicínia, para seu cheiro e para a honra (da qual era dona).
Ainda que minha revolta esteja entalada no peito e que eu veja claramente como minha espécie é traiçoeira,
Ainda que eu sinta a dor cruel de estarem nos apagando, aos poucos, silenciosamente...
Ah, glicínia, que bom que estavas lá,
Para recordar-me de sua imagem através de suas letras.
Senti saudade.