Uma valsa fora de compasso
Num rádio tocando sem sintonia.
Os corpos dançam
Desmiolados, escalafobéticos,
Nas intermináveis avenidas
Da metrópole cinza cimentada.
Um meteoro que cai do espaço
Num mundo que contrário rodopia.
Os corpos queimam
Carbonizados, zumbis-atléticos,
Nas valas sempre esquecidas
Das memórias sedimentadas.
Entre este bailar tão crasso
E o fim de tudo, que se anuncia,
Os corpos amam
Desconsolados, assépticos,
Em desventuras bem conhecidas
Da vida fútil e quantificada.