terça-feira, 5 de outubro de 2010

# Tentativa 3 - Continuação #

* 12 *


          Quando Madame Sanges deixou sua casa, Dinha vestiu-se rápido e pegou o primeiro ônibus que passou em sua porta para o centro da cidade. Com a certidão de nascimento de Lara nas mãos e a carteira de vacinação, achou que era uma boa alternativa procurá-la no hospital municipal e no posto de saúde. Pensava que preferia encontrar Lara doente do que ter a certeza de que ela tinha ido embora. Apesar de Dinha saber, no fundo do seu coração, que o mais provável em relação ao destino de Lara era aquilo que a faria chorar por meses a fio, seus olhos precisavam comprovar que ela não estava mais na cidade.
          No posto de saúde, olhou por todos os cantos e portas abertas; as fechadas abriu também e nada. Obstinada, seguiu para o hospital e fez o mesmo. Procurou nas filas, na enfermaria, solicitou ajuda as atendentes, interrogou os médicos e pessoas doentes. Ninguém tinha visto a menina. Eram quase doze horas e Dinha estava com o corpo amolecendo de tanta tristeza.
          Precisava ver mais uma vez aquele rosto, mais muitas vezes. Queria beijar Lara com todo o seu amor, pentear de novo os seus cabelos, fazer doces para ela, ralhar com a garota porque tinha brincado na lama. Então fez-se de novo aquele nó apertado em sua garganta, que lhe tomava a voz e o choro. Agonia. Desespero. Pior do que morrer um filho era sabê-lo vivo, mas não sabe-se onde.