sábado, 10 de março de 2018

Lá vai ela

Lá vai ela, mais uma vez:
A esperança empunhada na mão,
A coragem ardendo no peito e
O grito descola da boca
Enquanto os pés seguem em justo caminhar.
A militância está para ela
Como o sol, a lua e o ar:
Imprescindível.
É o seu jeito de sobreviver
A aridez das relações contemporâneas.

Não se trata de fugir da realidade
Que oprime e desarruma o coração,
Para um aqui e agora utópico.
É estar presente na ação, na mão dada,
No pensar constante e para todos.

Lá vai ela, mais uma vez:
Desenterrar a empatia do povo,
Escarafunchar as consciências e
A indignação lhe esbugalha os olhos
Enquanto suas pernas arrastam os outros.
A militância está para ela
Como os filhos e o amor:
Sempre.
É o seu jeito de acreditar
Nesse mundo torto e acinzentado.

Há para ela um de tudo de coisas
Pelas quais vale a pena lutar e viver.
Não sabe ser se não for assim
E já que não cabe em lugar nenhum,
A militância lhe traz algum conforto.

Prefere a loucura à alienação.
Prefere o todo à parte.
Prefere a rua à televisão.
Prefere o direito à preferir.

E lá vai ela.


Daniela Bonafé