sábado, 11 de setembro de 2010

# Tentativa 2 - Continuação #

Crônica sobre outra Crise

Eis que num museu localizado no centro da cidade, o monitor da exposição perguntou há quanto tempo havia se formado professora e ela, sorridente, respondeu que terminara a faculdade em 2001.
O jovem, surpreso, olhou em seus olhos e disse que ela parecia bem mais nova e, virando-se para os alunos que ali estavam, apreciando as obras de arte, comentou em tom sarcástico que não imaginava que moças com cara de criança podiam dar aulas para marmanjos como eles.
Na hora, a professora respondeu ainda com delicadeza, apesar de enfurecida, que já estava com quase trinta anos e, sorrindo um sorriso amarelo, agradeceu como se tivesse sido elogiada, porque afinal precisava dar "o exemplo".
A verdade é que se não fosse pelo local onde estava e pelos alunos, que a observavam atentamente, teria esculhambado o tal monitor que, apesar de jovem, era velho e caquético em seus pensamentos preconceituosos.


:o:


Mais Tarde - Diário da Professora

Esse tipo de elogio, se é que se pode chamar assim, sempre é uma boa armadilha para me fazer perder o sono. Não gosto desse tipo de comentário.
Será minha pele? Meu cabelo? Meu All Star?
Ou é porque sou assim toda doce mesmo?
Ou pior, não sou atraente como uma mulher deve ser?!
Ou é terrível: sou mesmo uma criança grande?
Não é possível que para ser professor tem que ser velho, feio, sujo, malvado, maltrapilho!!!
Que imagem é essa que a sociedade construiu para a gente?
Ou será que nós realmente fazemos jus ao fardo do descrédito que carregamos?