Pensou no que as pessoas gostavam de ler. O que será que as comovia? O que rendia conversas em bares? O que seria capaz de manter a atenção e o interesse?
Já tinha lido muitos livros e considerava bons os que criavam aquele desejo intenso de lê-lo e terminá-lo, livros que faziam-na ficar acordada noite adentro, devorando páginas.
Ao mesmo tempo pensava nas pessoas que gostam de ler sobre a vida das outras, nessa onda Big Brother de escarafunchar a intimidade alheia.
Precisaria ser popular? O que significa o termo "popular" mesmo? Porque o Big Brother é popular... Deus também é popular...
A idéia de escrever sobre sua vida - de forma um pouco distanciada, contando casos diários como se não fosse a protagonista - poderia ser uma alternativa popular e intrigante.
Alguns achariam isso perigoso, sua mãe seria a primeira. E foi mesmo.
Contando a ela sobre suas perspectivas em relação a publicação virtual, disse-lhe que essa exposição poderia causar-lhe problemas. Até um velho amigo reiterou que a internet poderia ser audaz e cruel.
Medo.
Deixaria que esse medo, frente a exposição, tolhesse sua vontade louca de disparar palavras no teclado, todas elas navegando libertas, se espalhando rumo às cabeças e bocas de pessoas desconhecidas de todos os lugares, em poucos segundos?
Claro que não.
Gostava das brechas que estava encontrando em seu "manual prático da vida", onde podia deixar-se ser quem realmente era e expor o que desejasse.