Enfronhada no medo
Que tinha do espelho
- verdade constante -
Bebia de mentiras,
De odores fétidos
E suaves texturas;
Que apaziguavam
Toda a inquietação.
Irremediavelmente,
Digeria, satisfeita,
A inércia aprazível
De nenhuma novidade;
E consumia seu tempo
Repetindo, sem pudor,
As mesmices insanas
De uma mulher comum.
Mas até uma brisa
Que resvalasse na porta
Imponente de sua casa...
Ah, que tormento!
Atônita, tremia e gritava,
Chamava o nome de deus
E de todos mais.
Ninguém vinha!
E ela, assim só,
Escondida nas cobertas,
Olhava, perplexa,
A tal brisa passar
- mais uma vez.
Era tão feliz no cárcere
- sofá aconchegante -
Da plena acomodação.