quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Poema das Gentes

É estranho.
Todos, no mundo, vivendo ao mesmo tempo.
Tantos sonhos, tantas histórias!
Em cada automóvel, casa, quarto escuro,
Em cada viela e ponto tem alguém desejando.
É tanto querer que chega a doer.
Andamos, corremos para onde?
Por que? O que?
Uns carregados, outros arrastando-se,
Pulando ou mergulhando profundamente.
Voando em pescoços, rodopiando de amor...
Vamos.
No lombo, no ventre, pelas orelhas,
Agarrados, arrasados, pedacinhos de gentes...
Seguimos.
Milhões de sabores diferentes de experiências.

Me assusta.
Quero todos e tudo para mim. Não dá. Eu sei.
Percorro com o olhar as pessoas:
Sacolas, pastas, carrinhos de supermercado,
Crianças, casa nas costas, fardos e carmas,
Armas, dinheiro... levam o que podem consigo.
Me assusta tanta gente junta imersa em solidão.