segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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          Leu, releu, corrigiu, conferiu, mudou mais uma vez. Depois de quase 5 noites, postou.

          # Tentativa 1 #

          Acordou bem cedo para aproveitar o domingo de um final de semana que estava voando. Era bom que se levantasse antes da filha acordar, assim podia tomar banho sossegada e talvez fazer touca de creme nos cabelos. Estes andavam um pouco desgrenhados pela falta de tempo para cuidar de si e porque, a vaidade, não era pecado que costumava cometer, pois julgava-se bonita ao natural, sem o brilho e as cores das maquiagens. Aliás, os cabelos eram curtos para que não demandassem tantos produtos especiais e porque cismou, certa vez, que seu rosto oval combinava com eles e, deste dia em diante, conservou-os assim. Castanhos como seus olhos, os fios eram desfiados a navalha, o que lhe conferia um ar juvenil e, em sua opinião, um pouco rebelde.
          De frente ao espelho do banheiro, checou o rosto, as curvas dos quadris, os seios. Diariamente repetia esse ritual de avaliar como estava sua aparência e, com um sorriso, atestava para si que estava satisfeita. Gostava da sua brancura e magreza, dos olhos grandes e até da pequena marca de nascença que carregava no peito. Tinha orgulho de, após o nascimento da menina, ter conseguido manter-se em forma.
          Pensou que queria fazer outra tatuagem e ficou procurando em seu corpo qual seria o melhor lugar. Há três dias que essa nova idéia vinha passando por sua cabeça. Pensava em um desenho que fosse uma homenagem ao seu rebento.
          Olhando melhor para si, percebeu que não havia lugar apropriado para o que estava imaginando: queria algo discreto mas visível, bonito e delicado. Porém, a parte que mais gostava do seu corpo era também muito sensível e, apesar de já ter sentido muita dor nessa vida, ficou com medo das agulhas que já conhecia da época em que fez a primeira, quando ainda estava na faculdade.
           Então desistiu.