Corpo sem casa.
Visito a cama que durmo, diariamente.
Nem parece minha.
Tem meu cheiro no travesseiro mas não sinto saudade.
Onde é que eu estive durante esses anos?
Estranha, de fora,
Perdida nesse lugar tão comum,
Forasteira na própria história.
Nenhuma fotografia ou marca ou mancha nas paredes
Faz-me lembrar do tempo em que estive presente.
Longe de casa.
Visito meu coração e sumo, diariamente.
Nem parece meu.
Tem nele seu nome gravado e eu sinto tanta saudade.
Onde você esteve durante esses anos?
Estranho, de fora,
Perdido nesse lugar tão comum.
Forasteiro na nossa história.
E todas as fotografias e marcas e manchas nas paredes
Fazem-me lembrar do tempo em que esteve presente.
E ausente.
Volta e devolve o que você me tomou
E se quiser, pode ir, mais tarde...
Mas deixe o riso
E a sensação de que pertenço a esse lugar.
Deixe o gosto doce de saber que eu tenho a mim.
Por hora, agora,
É só vazio, imensidão, ecos que tintilam a sua voz
Pelos cantos da sala e da memória.
Remédios para dormir.
Quero estar em casa de novo.