terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Descompasso
Esguio corpo em flor,
Tuas marcas espalhadas
São melodias de dor,
Contos de risos e amor,
Quimeras esparramadas.
Pálido, quase sem cor,
De linhas desalinhadas...
Mas no coração: fervor!
E prece prá nosso Senhor
Amenizar a caminhada.
Jovens curvas têm sabor
Da velhice experimentada;
Mas sem medo de se expor,
Não deixou que o bolor
Arrebatasse sua estrada.
Presságio
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Naquele chevette marrom,
Seguindo-me pela colina,
Até o topo, bem alto,
Para levá-la de mim.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
A esmurrar com força
A porta do banheiro químico,
Gritando comigo, bem alto,
Para dar-te meu bem.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Carregando para longe,
Com carinho e segurança,
O sonho por mim cuidado,
Enquanto eu rezava o que sabia.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Quando atravessou meu dentro
Para revirar a minha fé
E testar os meus limites,
Sem ao menos ver o teu rosto.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Visitando a minha casa
Durante a madrugada,
Rendendo-me a minha sina
De ser pequena, mas abrigo.
Eu soube que era você,
Anjo da morte.
Eu pude sentir tua força
E toda a minha impotência.
Eu chorei tua partida
E acenei um até logo.
Eu sempre soube que era você,
Anjo da morte.
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