quinta-feira, 9 de setembro de 2010

# Tentativa 2 #

Micro Ensaio sobre a Crise


O que sobrou?
O sonho distante, o desejo mais íntimo, a lembrança do futuro?
O que ficou de mim em mim?
Tantos papéis apagaram de vez a minha essência?

Desenterro minhas memórias e histórias a procura de pistas que possam recompor o espectro do que sou.
Não sou essa imagem, essas palavras; não sou as funções que fui assumindo durante.
Não sou o que dizem e o que olham; será que ainda existo?
Ou sobraram apenas as marcas, manias e fotografias?
Sou só mais um corpo perambulando sem vida própria?

Não pode ser! Deixei-me morrer!
Descuidada.
Cuidando de tudo e de todos, não dei-me conta.

A velha sabedoria popular fez-se exemplar. Em casa de ferreiro o espeto é de pau.