Os dias felizes guardados num relicário
- têm cheiro de mofo e de chuva na telha -
Ficaram ali, confinados e sem brilho,
Esperando por quem os revirasse sem medo.
Tão raros pertences, estão eternizados
Em papéis de bala, de carta ou sem pauta,
Ingressos, bilhetes, pedaços de fita,
Fotografias, cartões postais e marcadores.
Lembranças em seu particular antiquário
- têm cheiro da pele fininha de uma velha -
Toadas de saudade para um estribilho,
Que canta sozinha, desde muito cedo.
Tão claras memórias, permanecem gravadas
Em tudo o que era e que lhe faz falta...
E ainda que digam de sua vida bendita,
Mal sabem seu nome, seus entes e suas cores.