terça-feira, 5 de março de 2013

Oxum

I

Faz da minha vida, riacho,
Água corrente do bem...
Deitada em teu colo, relaxo
E durmo a paz de quem tem

Proteção e cor de mãe divina,
Teu escuro, no espelho, refletido.
Vem para aliviar minha sina
E ouvir, com amor, meu pedido:

Esvair a tristeza do inverno
Que secou minh'alma sem rumo,
Aguada de choro sempiterno.

De rosas brancas perfumo
Meu corpo cansado e materno,
Por agora assim fora do prumo.


II

De chama um toquinho crepita
Para iluminar teus domínios.
Teu brilho parece pirita
Mas de ouro são os teus desígnios.

Consolo do vazio do ventre,
Oração de beleza, clamor.
És minha senhora de sempre:
No medo, no riso e na dor.

Oxum, olho da cachoeira,
Leva embora contigo o meu pranto,
No embalo do atabaque e do canto.

Minha guardiã e padroeira,
Aparecida do Mar, canoeira,
Me envolve no azul do teu manto.