Canções e Cartas


I - Carta para meu Amor

A palavra não dá conta,
Nem o gesto e nem o olhar.
Não há como o indizível ser conhecido.
A natureza, em sua grandeza,
Não revela criação a qual se possa comparar
O que existe, aqui em mim, por você.
E você, meu amor, nem nunca saberá
Porque por mais que te diga, te escreva, te toque...
A razão não compreende!
Talvez em lapsos de ímpeto e impulso,
Como no orgasmo ou num grito de raiva,
Nossas almas de fato se comuniquem...
E aí sim, nessa essência,
Acredito que essa coisa chamada amor
Se revela por completo.

Te respeito no sentido mais "religioso" da palavra, porque te amo a ponto de deixar-te ir se este for seu desejo e porque acredito no potencial que você guarda dentro de si. Mas também tenho por você a paixão efêmera e louca, que deseja tudo o quanto se pode; e a amizade, que torna a companhia entre os velhos tão prazeroza... Que cada segundo nosso, juntos, seja um sempre!

II - Sumatra (letra e música de 1996)

Meu amor, não peço nada
Além do que é você.
Toda a dor, toda palavra
Não precisa pertencer ao nosso mundo
Que é mais lindo ao natural.

Meu amor, sinceridade vale a pena
Mesmo quando tudo insiste
Para que a gente se perca nos velhos dilemas.

O tempo é nosso.
O tempo é nosso.

III - Artificial (letra e música de 1997)

Meu lustre é meu sol artificial
Porque não saio mais de casa,
E as poças não são rasas,
E as paredes de concreto são meu mundo
Artificial.

A tua voz pela linha e pela carne.
Tanta voz à toa,
Parecendo estar na boa,
Enquanto a dor é como o amor:
Sem artifícios, sem sacrifícios...

Entro na sala e mergulho
O chão é uma piscina
Água doce, azul de amaralina.
Movo pernas e pés
Lentamente pela água
Que escorreu por trás das lentes,
E eu bebo das lágrimas.

IV - Pluma (letra e música de 1998)

Eu corro pelos quatro cantos,
Quero o teu canto via Embratel;
E se te coloco no céu
É porque te levo nas asas.
E sobrevôo casas,
E sobrevôo covas
Multidão apressada, desritmada,
Sempre cansada como eu...

Toque por mim, me toque,
Me coloque louca.
Eu vou tirar tua roupa
Nesse apartamento.
Seja o meu vento, amor de acalento,
Tuas mãos musicais e ritmadas
Me levam para casa.
Seja meu, só meu...

Toque por mim, me toque,
Me coloque louca.
Eu vou tirar tua roupa
Nesse apartamento.
E se me colocas no céu
É porque me leva nas asas.
Sobrevoamos casas,
Sobrevoamos covas,
Tuas mãos musicais e ritmadas
Me levam para casa.
Seja meu, só meu vento...

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