I
Canta saudade!
Sopra nos ouvidos
Memórias delicadas:
O cheiro da pitanga.
A trama do bordado.
O toque da pétala.
O gosto do sim.
II
Chora saudade!
Tuas sutilezas
Insistem em ficar.
É bruta, sem graça.
Quem gosta de saudade assim?
Nem pede licença
Para nos revirar...
III
Deixa, saudade!
Abandona o que resta
Para ser esquecido.
Sedimenta e vai.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Retornos
Do fundo ao entre.
Do entre à tona.
E dali, ao barco.
Do barco à terra.
Da terra à casa.
Da casa à mim.
E daqui, adiante...
À tudo de novo.
Do entre à tona.
E dali, ao barco.
Do barco à terra.
Da terra à casa.
Da casa à mim.
E daqui, adiante...
À tudo de novo.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Beijo
A língua laça
O exíguo lábio
De lua minguante
E extingue dele
O amarelo lânguido
Da aguada dor.
O exíguo lábio
De lua minguante
E extingue dele
O amarelo lânguido
Da aguada dor.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
A Ponte
Um ponto de tinta,
Um pingo na ponta.
É tanto que pinga,
É tanto de tinta,
Que tinge de tinto
A ponte que tento.
Um pingo na ponta.
É tanto que pinga,
É tanto de tinta,
Que tinge de tinto
A ponte que tento.
Sombra de Mim
Acompanha-me ao sol
Sem obrigação.
Caminha bem perto
E não vá embora
Se o céu azul límpido
Ora escurecer.
Querida, gosto de ti,
Assim quieta,
Sem julgar meus passos.
Companheira,
Percorre ao meu lado
O caminho do sonho
Que escolhi para hoje.
Sem obrigação.
Caminha bem perto
E não vá embora
Se o céu azul límpido
Ora escurecer.
Querida, gosto de ti,
Assim quieta,
Sem julgar meus passos.
Companheira,
Percorre ao meu lado
O caminho do sonho
Que escolhi para hoje.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Tempos Difíceis
I
Imóveis falanges gastas,
Ferrugem nas dobras e
Velhos nervos atrofiados.
Antigas memórias sem cor,
Sumiço das raras palavras e
Demorado respiro frio.
Enrugada a pele franzina,
Doídas escaras nas costas e
Olhar perdido no nada...
II
A casa era o leito.
O banho era o pano.
O toque era a ponte.
Vivia no entre.
Imóveis falanges gastas,
Ferrugem nas dobras e
Velhos nervos atrofiados.
Antigas memórias sem cor,
Sumiço das raras palavras e
Demorado respiro frio.
Enrugada a pele franzina,
Doídas escaras nas costas e
Olhar perdido no nada...
II
A casa era o leito.
O banho era o pano.
O toque era a ponte.
Vivia no entre.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Paixão
O cárcere desértico do cansaço,
De implacável dor e solidão,
Afunda o teu corpo no regaço
Do dorso que deseja em ilusão.
Cerra os teus olhos marejados
Por suspiros e bocejos dormentes,
Para sonhar com teu amor alado
Que apazigua infortúnios recentes.
Adormece a inquietude insana
Que te leva a um viver oblíquo.
Repousa o teu peso nesta cama
Para o porvir acontecer profícuo.
E emaranhada como um novelo,
Tocada por delicado algodão,
Desperte e sorria ao desvelo
De saber-se levada por paixão.
Aquela mesma que cura feridas
E outras muitas cria para sangrar;
Prisão velada e um tanto ardida,
Que lhe tomou em um golpe de ar.
Esquece o pensamento aflitivo
Que o som do relógio acompanhava,
Acenando para um tempo esquivo
Do não viver que sequer terminava.
Entregue, sem caução, um teu espaço,
Para que seja, enfim, e tão somente.
Que ame e ceda a um terno abraço
Para sentir-se inteira e novamente.
De implacável dor e solidão,
Afunda o teu corpo no regaço
Do dorso que deseja em ilusão.
Cerra os teus olhos marejados
Por suspiros e bocejos dormentes,
Para sonhar com teu amor alado
Que apazigua infortúnios recentes.
Adormece a inquietude insana
Que te leva a um viver oblíquo.
Repousa o teu peso nesta cama
Para o porvir acontecer profícuo.
E emaranhada como um novelo,
Tocada por delicado algodão,
Desperte e sorria ao desvelo
De saber-se levada por paixão.
Aquela mesma que cura feridas
E outras muitas cria para sangrar;
Prisão velada e um tanto ardida,
Que lhe tomou em um golpe de ar.
Esquece o pensamento aflitivo
Que o som do relógio acompanhava,
Acenando para um tempo esquivo
Do não viver que sequer terminava.
Entregue, sem caução, um teu espaço,
Para que seja, enfim, e tão somente.
Que ame e ceda a um terno abraço
Para sentir-se inteira e novamente.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Minha poesia
Abano bem a poesia
Feito fagulha de fogo
Para crescer, espalhar.
Sopro com força as cinzas
De cada nova poesia
Para fazê-la voar.
Que pegue uma carona
No rabo da ventania
E aprenda a viajar;
Visite terras e povos,
Distantes e diferentes,
Sem nunca ter que voltar.
Suba ao céu, poesia,
Para chover tuas rimas
E belezas relampejar.
Brilha, minha poesia,
Num denso raio de sol
Ou num feixe de luar.
Que seja por si o que é,
Única e tão só,
Escrita para iluminar.
Abracem a poesia!
Queiram-te inteira ou em parte,
Podem tomá-la do ar.
Será bom que desvaneça
No coração de um alguém,
Tal qual espuma do mar.
Feito fagulha de fogo
Para crescer, espalhar.
Sopro com força as cinzas
De cada nova poesia
Para fazê-la voar.
Que pegue uma carona
No rabo da ventania
E aprenda a viajar;
Visite terras e povos,
Distantes e diferentes,
Sem nunca ter que voltar.
Suba ao céu, poesia,
Para chover tuas rimas
E belezas relampejar.
Brilha, minha poesia,
Num denso raio de sol
Ou num feixe de luar.
Que seja por si o que é,
Única e tão só,
Escrita para iluminar.
Abracem a poesia!
Queiram-te inteira ou em parte,
Podem tomá-la do ar.
Será bom que desvaneça
No coração de um alguém,
Tal qual espuma do mar.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Dádiva
Terno, doce e quente é o afago
Das pequenas mãos que têm:
Me acarinham como ninguém!
Em meu coração eu lhe trago
Guardada, sorrindo para mim,
Fazendo covinhas nas bochechas,
Emolduradas por lindas madeixas
Que penteio com amor sem fim.
Adormeço desejando despertar
Com teu beijo de sol nascente
(estalado) faz-me, de repente,
Bem mais feliz por recomeçar.
É por ti meu amor desmedido,
Minha força e tudo o que tenho.
Me acalma saber que detenho
O real poder de levá-la comigo:
Para sempre, no peito.
Das pequenas mãos que têm:
Me acarinham como ninguém!
Em meu coração eu lhe trago
Guardada, sorrindo para mim,
Fazendo covinhas nas bochechas,
Emolduradas por lindas madeixas
Que penteio com amor sem fim.
Adormeço desejando despertar
Com teu beijo de sol nascente
(estalado) faz-me, de repente,
Bem mais feliz por recomeçar.
É por ti meu amor desmedido,
Minha força e tudo o que tenho.
Me acalma saber que detenho
O real poder de levá-la comigo:
Para sempre, no peito.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Descompasso
Esguio corpo em flor,
Tuas marcas espalhadas
São melodias de dor,
Contos de risos e amor,
Quimeras esparramadas.
Pálido, quase sem cor,
De linhas desalinhadas...
Mas no coração: fervor!
E prece prá nosso Senhor
Amenizar a caminhada.
Jovens curvas têm sabor
Da velhice experimentada;
Mas sem medo de se expor,
Não deixou que o bolor
Arrebatasse sua estrada.
Presságio
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Naquele chevette marrom,
Seguindo-me pela colina,
Até o topo, bem alto,
Para levá-la de mim.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
A esmurrar com força
A porta do banheiro químico,
Gritando comigo, bem alto,
Para dar-te meu bem.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Carregando para longe,
Com carinho e segurança,
O sonho por mim cuidado,
Enquanto eu rezava o que sabia.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Quando atravessou meu dentro
Para revirar a minha fé
E testar os meus limites,
Sem ao menos ver o teu rosto.
Eu soube que era você,
Anjo da morte,
Visitando a minha casa
Durante a madrugada,
Rendendo-me a minha sina
De ser pequena, mas abrigo.
Eu soube que era você,
Anjo da morte.
Eu pude sentir tua força
E toda a minha impotência.
Eu chorei tua partida
E acenei um até logo.
Eu sempre soube que era você,
Anjo da morte.
domingo, 6 de janeiro de 2013
Força
Noite adentro.
E o pássaro
Que cantava
Em meu peito
Resiste,
Rouco,
Sussurrando
Sua melodia
Para o sol
Nascente
Que não vejo.
E o pássaro
Que cantava
Em meu peito
Resiste,
Rouco,
Sussurrando
Sua melodia
Para o sol
Nascente
Que não vejo.
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