A demanda
Dança candombe
Ao som da macumba
A pendenga
Passa na mandinga
Abençoada por pomba
Dona quenga
Preta do Congo
Arrasta no samba
Ao toque da catimba
No dentro da tenda
Zulê tinha ginga
E fazia dengo
Com branco de renda
Era umbanda
Mistura de bandos
E farinha na pemba
Em busca de Aruanda
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Mal Dizer
Sibila
Traiçoeira
E escondida
Num cochicho
Uma mentira
Dotada de asas
Que toca cada canto
E não volta mais.
Traiçoeira
E escondida
Num cochicho
Uma mentira
Dotada de asas
Que toca cada canto
E não volta mais.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Sanha
Era o som do sangue
Correndo, endoidecido,
Enrubescendo o rosto
Num tempo de raiva.
Rugia o fundo do olho,
Fixo, suspenso no fato
- miséria para consumir
as tripas e os ossos -
Entalado na garganta,
Um nó para ser cuspido.
As mãos, enfezadas,
Atritavam-se forte,
Escalpelam-se os dedos
- os mesmos, covardes,
que marcaram a cara
daquele amor santo.
Disso nascia o corvo
Que lhe bicaria o fígado
Num aflição eterna
E sem remédio vivo.
Correndo, endoidecido,
Enrubescendo o rosto
Num tempo de raiva.
Rugia o fundo do olho,
Fixo, suspenso no fato
- miséria para consumir
as tripas e os ossos -
Entalado na garganta,
Um nó para ser cuspido.
As mãos, enfezadas,
Atritavam-se forte,
Escalpelam-se os dedos
- os mesmos, covardes,
que marcaram a cara
daquele amor santo.
Disso nascia o corvo
Que lhe bicaria o fígado
Num aflição eterna
E sem remédio vivo.
O que Há e o que Falta
Desejava ter garantias,
Destino certo e determinado.
Não foi assim - nem nunca é mesmo.
Feito criança mimada,
Virou de lado,
Deu com os ombros
E esperou a mansidão,
A seda, a pluma, a suavidade
Azul de um faz-de-conta infantil.
Despreparado,
Foi engolido vivo,
Preso no olho do furacão.
Destino certo e determinado.
Não foi assim - nem nunca é mesmo.
Feito criança mimada,
Virou de lado,
Deu com os ombros
E esperou a mansidão,
A seda, a pluma, a suavidade
Azul de um faz-de-conta infantil.
Despreparado,
Foi engolido vivo,
Preso no olho do furacão.
domingo, 25 de agosto de 2013
Meio Morta
Enfronhada no medo
Que tinha do espelho
- verdade constante -
Bebia de mentiras,
De odores fétidos
E suaves texturas;
Que apaziguavam
Toda a inquietação.
Irremediavelmente,
Digeria, satisfeita,
A inércia aprazível
De nenhuma novidade;
E consumia seu tempo
Repetindo, sem pudor,
As mesmices insanas
De uma mulher comum.
Mas até uma brisa
Que resvalasse na porta
Imponente de sua casa...
Ah, que tormento!
Atônita, tremia e gritava,
Chamava o nome de deus
E de todos mais.
Ninguém vinha!
E ela, assim só,
Escondida nas cobertas,
Olhava, perplexa,
A tal brisa passar
- mais uma vez.
Era tão feliz no cárcere
- sofá aconchegante -
Da plena acomodação.
Que tinha do espelho
- verdade constante -
Bebia de mentiras,
De odores fétidos
E suaves texturas;
Que apaziguavam
Toda a inquietação.
Irremediavelmente,
Digeria, satisfeita,
A inércia aprazível
De nenhuma novidade;
E consumia seu tempo
Repetindo, sem pudor,
As mesmices insanas
De uma mulher comum.
Mas até uma brisa
Que resvalasse na porta
Imponente de sua casa...
Ah, que tormento!
Atônita, tremia e gritava,
Chamava o nome de deus
E de todos mais.
Ninguém vinha!
E ela, assim só,
Escondida nas cobertas,
Olhava, perplexa,
A tal brisa passar
- mais uma vez.
Era tão feliz no cárcere
- sofá aconchegante -
Da plena acomodação.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Amor
Entre as pneumonias de tristeza
E a saudade melancólica do que findou
É que brilha, latejante, a felicidade:
Dormir na paz quente de meu travesseiro
E acordar, manhã cedinho, inda escuro,
Com tua voz berrante me chamando.
Sim, eu tenho mais um dia para te amar.
Homem
Foi na curva da estrada
Que perdi minha configuração.
Onde estava, a essa altura,
O vegetal que me habitava?
Até as pedras daquele rio
Escarneciam do meu infortúnio.
Eu ali, faltando partes,
Os sentidos me escapando...
Restou-me a chata da razão
Para dizer-me do certo,
Do mineral presente na morte
E de tantas outras bobagens
Descartáveis e acomodadas.
Eu era um homem
E mal sabia de mim.
Que perdi minha configuração.
Onde estava, a essa altura,
O vegetal que me habitava?
Até as pedras daquele rio
Escarneciam do meu infortúnio.
Eu ali, faltando partes,
Os sentidos me escapando...
Restou-me a chata da razão
Para dizer-me do certo,
Do mineral presente na morte
E de tantas outras bobagens
Descartáveis e acomodadas.
Eu era um homem
E mal sabia de mim.
domingo, 18 de agosto de 2013
Caminho
Momento e sentidos:
Percepção dos fatos.
Por horas a digestão.
Impressões rodopiam
E significam coisas e
De repente, são outras
E então nem são mais.
Bem tarde, já velhos,
Cansados mas vívidos:
Recordar e reconhecer
Que tantos guardados
Carregam vida própria.
Percepção dos fatos.
Por horas a digestão.
Impressões rodopiam
E significam coisas e
De repente, são outras
E então nem são mais.
Bem tarde, já velhos,
Cansados mas vívidos:
Recordar e reconhecer
Que tantos guardados
Carregam vida própria.
sábado, 17 de agosto de 2013
Trimembração
Corpo que percebe.
Matéria do sentir.
Casa da alma.
Efêmero.
Alma do movimento.
Vínculo do viver.
Casa do sonho.
Passageiro.
Espírito da vontade.
Impulso da ação.
Casa do ser.
Perene.
Matéria do sentir.
Casa da alma.
Efêmero.
Alma do movimento.
Vínculo do viver.
Casa do sonho.
Passageiro.
Espírito da vontade.
Impulso da ação.
Casa do ser.
Perene.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Anjo de Guarda
Anjo de guarda da minha vasta alma,
Pássaro do céu azul e do bom querer,
Teu suave regaço de flores de palma,
Protege meu coração e o faz florescer.
Repouso em certeza de paz infinita,
Por quanto durar o que há de tempo...
Mesmo que a vida queira por-me aflita,
Recordo o amor que me trouxe no vento.
Adormeço na quietude de tua casa,
Sozinha no morno branco de tua asa,
Útero que acolhe as migalhas de mim.
Hálito do bem que meu sono embala,
Um sopro divino a tua boca exala,
Para acender luz nessa noite sem fim.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
S
I
Maldita letra torta
Costurada no septo
Que me enroscava o ar
Consoante teimosa
Reflexo do caminho
Que eu seguia só
Tuas perigosas curvas
Entornavam os devaneios
Para ver-me derrapar
Princípio da solitude
Que se dobrava no passo
Para findar o mas
Dito sem nem compostura
II
Bendita letra torta
Presente nas palavras
Que escolhi a dedo
Para viver minha paz
Estava na poesia
E nos nomes das meninas
Prá quem guardei amor
Estampada no meio da asa
Do anjo que me velava
E que me fazia voar
Maldita letra torta
Costurada no septo
Que me enroscava o ar
Consoante teimosa
Reflexo do caminho
Que eu seguia só
Tuas perigosas curvas
Entornavam os devaneios
Para ver-me derrapar
Princípio da solitude
Que se dobrava no passo
Para findar o mas
Dito sem nem compostura
II
Bendita letra torta
Presente nas palavras
Que escolhi a dedo
Para viver minha paz
Estava na poesia
E nos nomes das meninas
Prá quem guardei amor
Estampada no meio da asa
Do anjo que me velava
E que me fazia voar
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Retornos II
Onda em mim.
Guardei teu movimento
Na memória da pele e
Na entranha do ventre.
Prazer em ser casa
De tua doce dança.
O que lembro de ti
É o encanto suave
De um bailar submerso
E da força tenaz
De revirar-se no dentro.
Meu relicário,
Quente e maternal,
Ainda lateja tua falta.
Ah, se eu pudesse escalar
O cordão que me liga ao céu
Para sentir você outra vez...
Guardei teu movimento
Na memória da pele e
Na entranha do ventre.
Prazer em ser casa
De tua doce dança.
O que lembro de ti
É o encanto suave
De um bailar submerso
E da força tenaz
De revirar-se no dentro.
Meu relicário,
Quente e maternal,
Ainda lateja tua falta.
Ah, se eu pudesse escalar
O cordão que me liga ao céu
Para sentir você outra vez...
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