sábado, 19 de maio de 2018

Mana

Irmã é isso:
Estar perto, no coração, mesmo quando estamos longe fisicamente.

Um amor sem medida, com uma história que vem desde antes.
Minha mana eu quis cuidar.
Quis desde criança estar perto e ver crescer.
E a responsabilidade por ser mais velha às vezes me pesou porque eu achava que tinha que ser mesmo um bom exemplo.
Tentei. Às vezes consegui e noutras não.
O fato é que sempre minha mana esteve em meus pensamentos.
Vivemos bons e maus momentos. Brigamos bastante e nos entendemos também.
É uma amiga para quem mostro meu melhor e meu pior.
Um misto de orgulho e alegria por tê-la em minha vida, presença constante.
Não imagino meus dias sem ela, seja num churrasco ou numa conversa rápida ao telefone.
Acredito (e talvez ela não) que nós combinamos de vir juntas nessa existência, para aprendermos mais sobre esse amor fraterno e gratuito, sobre sermos porto seguro uma para a outra.
E desejo para a outra metade de nossas vidas, que envelheçamos lado a lado, debatendo política, falando de cachorros e curtindo a família...
Que sejamos melhores, no que temos em comum e também naquilo que nos diferencia.
Eu te desejo mana toda a alegria que só um grande amor pode desejar.
Porque o que sinto por você é imensurável.
Não está no sangue, nas afinidades e nem em nada que por aqui se revela.
Meu amor por você está para além do entendimento.
Um grande beijo!


Daniela Bonafé

sábado, 10 de março de 2018

Lá vai ela

Lá vai ela, mais uma vez:
A esperança empunhada na mão,
A coragem ardendo no peito e
O grito descola da boca
Enquanto os pés seguem em justo caminhar.
A militância está para ela
Como o sol, a lua e o ar:
Imprescindível.
É o seu jeito de sobreviver
A aridez das relações contemporâneas.

Não se trata de fugir da realidade
Que oprime e desarruma o coração,
Para um aqui e agora utópico.
É estar presente na ação, na mão dada,
No pensar constante e para todos.

Lá vai ela, mais uma vez:
Desenterrar a empatia do povo,
Escarafunchar as consciências e
A indignação lhe esbugalha os olhos
Enquanto suas pernas arrastam os outros.
A militância está para ela
Como os filhos e o amor:
Sempre.
É o seu jeito de acreditar
Nesse mundo torto e acinzentado.

Há para ela um de tudo de coisas
Pelas quais vale a pena lutar e viver.
Não sabe ser se não for assim
E já que não cabe em lugar nenhum,
A militância lhe traz algum conforto.

Prefere a loucura à alienação.
Prefere o todo à parte.
Prefere a rua à televisão.
Prefere o direito à preferir.

E lá vai ela.


Daniela Bonafé