Resgatando as poesias, achou também as que tinha musicado e, quando conseguiu enfim respirar e ter um tempinho livre depois das 23h, buscou o violão abandonado no canto do quarto - que há tempos não era dedilhado - e ficou ali, sentada na sala, cantando as velhas músicas que tinha composto em sua adolescência.
Ainda conseguia cantar no mesmo tom apesar do tempo ter alterado sua voz. Os dedos, hoje secos pelo pó de giz, continuavam ágeis: não tinham esquecido a dinâmica da técnica, as cifras eram claras e lhe vinham a mente como brisa gostosa da tarde.
Como era bom ter esse tempo, sozinha, sem ruídos. Só, com sua voz e suas emoções.
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