O dia amanheceu com o sol raiando quente apesar do frio e da secura do ar.
Dinha levantou-se mais cedo do que de costume, preparou com carinho um café da manhã reforçado e cheio de guloseimas fresquinhas como bolo de macaxeira, geléia de laranja e torradas de pão amanhecido. Colocou uma toalha bonita na mesa, organizou tudo e enquanto esperava Lara acordar, aproveitou para embrulhar o bolo gelado que havia feito para ela levar para a escola. Eram 36 pedacinhos, todos embrulhados cuidadosamente no alumínio, para que ela distribuísse entre os amigos de sala na hora do parabéns. A professora ganharia um pedaço especial, um pouco maior, junto com um broche de florzinha de fuxico que Lara tinha feito.
Lara acordou sorridente. Olhou pela janela e ficou mais feliz ainda. Que bom que não estava nublado. Preferia os dias de sol. Seu aniversário luzia! Correu para a cozinha, braços abertos para a madrinha.
- É meu aniversário! É meu aniversário!
- I eu num sei? Parabéns mia fia!
Abraçaram-se forte e demoradamente.
A menina foi logo sentando a mesa, olhos arregalados para tanta gostosura. Comeu de tudo um pouco, lambendo as pontas dos dedos a cada bocado. Dinha cozinhava como ninguém. Que maravilha de café da manhã. Mal falava enquanto comia porque estava sempre de boca cheia. Quando estava para terminar, foi surpreendida pela madrinha que carregava um pacote bonito e vistoso.
Abriu depressa, sem pestanejar e sem rasgá-lo irresponsavelmente. Quando viu o presente, seus olhos ficaram marejados e não haviam mais palavras na sua boca melada que pudessem expressar a gratidão que tinha por aquela mulher.
Cuidadosamente, retirou o presente do pacote.
Um caderno grande de capa dura, brochura costurada a mão, com folhas feitas de papel reciclado caseiramente, que ainda cheiravam a cola. As folhas, sem pauta, eram numeradas no canto inferior direito, como um livro. A capa era pintada a mão com aquarelas bem aguadas, com motivos estrelares vindos da ponta de uma varinha de condão que uma fada carregava na mão. A pintura da fadinha era tão perfeita que parecia que tinha vida e sairia saltitando dali. Dentro do caderno estava um lindo marcador, em forma de estrela cadente. Na ponta da cauda da estrela tinha um fio de naylon, cheio de contas coloridas.
Esse caderno a acompanharia por toda a vida. Lembraria sempre de Dinha ao olhar para ele. Lembraria sempre de tudo.
Enfiou a cabeça no colo de Dinha e ficou ali, por alguns instantes, pensando que a vida era boa demais. Depois, colocou o caderno debaixo do travesseiro, pegou a bolsa com os cadernos, a cesta com os pedacinhos de bolo e foi para a estrada, esperar o ônibus da escola.
Dinha foi caminhando atrás dela, orgulhosa da mãe que tinha se tornado. Estava fazendo tudo direitinho. Ela, que sempre foi julgada tão mal por tanta gente no passado, era sim uma boa mãe.
Beijou a testa da menina e acompanhou com o olhar, até onde a vista alcançava, o ônibus que virava lá longe na curva, deixando aquela poeira alta para trás.
Cuidadosamente, retirou o presente do pacote.
Um caderno grande de capa dura, brochura costurada a mão, com folhas feitas de papel reciclado caseiramente, que ainda cheiravam a cola. As folhas, sem pauta, eram numeradas no canto inferior direito, como um livro. A capa era pintada a mão com aquarelas bem aguadas, com motivos estrelares vindos da ponta de uma varinha de condão que uma fada carregava na mão. A pintura da fadinha era tão perfeita que parecia que tinha vida e sairia saltitando dali. Dentro do caderno estava um lindo marcador, em forma de estrela cadente. Na ponta da cauda da estrela tinha um fio de naylon, cheio de contas coloridas.
Esse caderno a acompanharia por toda a vida. Lembraria sempre de Dinha ao olhar para ele. Lembraria sempre de tudo.
Enfiou a cabeça no colo de Dinha e ficou ali, por alguns instantes, pensando que a vida era boa demais. Depois, colocou o caderno debaixo do travesseiro, pegou a bolsa com os cadernos, a cesta com os pedacinhos de bolo e foi para a estrada, esperar o ônibus da escola.
Dinha foi caminhando atrás dela, orgulhosa da mãe que tinha se tornado. Estava fazendo tudo direitinho. Ela, que sempre foi julgada tão mal por tanta gente no passado, era sim uma boa mãe.
Beijou a testa da menina e acompanhou com o olhar, até onde a vista alcançava, o ônibus que virava lá longe na curva, deixando aquela poeira alta para trás.
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