Passava pela rua principal o caminhão de campanha do prefeito da cidade. Em cima dele, estavam dois de seus acessores e a primeira-dama Madame Sanges.
Dona Clara Sanges era conhecida por madame porque possuía uma etiqueta irretocável, além de ser vista pelo povo como pessoa muito rica em dinheiro e em generosidade. Frequentemente era encontrada em bazares beneficentes, reuniões da igreja, visitando as duas escolas de Mara Rosa ou o setor geriátrico do hospital público; fazia caridade para manter uma imagem agradável do governo no âmbito social.
Com seus cabelos compridos e dourados que emolduravam um rosto jovem, bem cuidado e sempre maquiado, Madame Sanges estava no auge de seu reconhecimeto social aos quarenta e seis anos. E Lara conhecia bem aquele rosto pois ela visitava a casa de Dinha anualmente, levando mantimentos, remédios e presentes. A menina não entendia ao certo porquê. Julgava que Madame Sanges e Dinha se conheciam de outras épocas mas, como poderiam ser amigas, se viviam em universos tão diferentes?
Lara não teve tempo de conhecer essa história a fundo. Não havia registrado nada em seu caderno sobre esse assunto misterioso. Foi então que o olhar de Madame Sanges cruzou com o de Lara e ela desceu imediatamente do veículo, indo direto ao seu encontro.
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