Vestida de carmim,
Seguiu os meus passos
E envolveu num abraço
Meus dedos sem fim.
Sem luxo ou grandeza
Nem brilho de paetê,
Esteves a minha mercê
Em sua simples beleza.
Posto o orgulho de lado,
Rastejaste no chão
Para confortar o coração
De um pé calejado.
Acompanhou bons caminhos
E maus caminhos também.
Sempre senti-me bem
Com teus seguros carinhos.
O couro maleável,
Cúmplice de minha pele,
Couro que nunca fere,
Guardou-me, agradável.
A forma arredondada
Traz leveza ao modelo.
E agora, de frente ao espelho,
Ainda vejo-te jovem e arrojada.
Visto um preto discreto
E é tua toda a atenção,
Deixo-te a glória e a comoção
Dos últimos olhares diretos.
Tratei de ti como fosse uma filha,
Reservei-te amor e maior espaço.
Amiga no mundo é um bem escasso,
Assim considero-te velha sapatilha.
Anda comigo faz tempo,
Desde a época da faculdade...
Ainda sinto saudade
Daqueles breves momentos.
Juntas corríamos
Felizes e tresloucadas,
Quase sempre grudadas
Então descobríamos:
Um moço bonito,
Um emprego desafiador,
Um sexo sem pudor,
Um baile esquisito,
E tantas outras histórias desbotadas.
domingo, 31 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Meditação
É bom este armário em que guardo meus pertences.
Silencioso e servil, está sempre de pé para receber o que nele deposito.
Roupas, presentes, objetos de consumo, lembranças, desejos.
Imponente, ainda que de humilde madeira, ele é fiel há mais de 20 anos.
Nunca saiu dali e nem sequer repudiou minhas mãos geladas.
Abro e fecho suas portas quantas vezes eu quiser e, ainda assim, quieto.
Escureceu com o tempo e impregnou-lhe um pó de poluição.
Por vezes o aliso com flanela úmida para que sinta-se, talvez, querido.
Falei-lhe poucas vezes, a maioria esbravejando com suas dobradiças.
Mas não deu-me ouvidos e nem guadou rancor, prestativo, ali ficou.
Apesar de que já roubou-me coisas, pequenas coisas que guardei.
Sim, elas sumiram. Suponho que ele possua um buraco negro, grande.
Como aqueles das bolsas das moças.
Não fiquei por isso nervoso ou incrédulo de sua devoção.
Aos sábados, deixo todas as suas portas abertas, para que sinta o vento.
Presumo que o ar frio que circula em seu interior, nesses dias, o refresca.
Como a brisa que gosto, logo cedo, ao caminhar numa manhã de outono.
Este meu armário, íntimo de meu quarto, conhece até meus segredos.
Viu-me despir e vestir tantas quantas vezes precisei, sem criticar:
Minha velhice, minha barriga, minha flacidez...
Também ouviu minhas conversas com o espelho, ou pelo telefone...
Fitou minhas companhias, foi cúmplice dos choros e gozos...
Ah, como gosto deste meu bom armário!
Silencioso e servil, está sempre de pé para receber o que nele deposito.
Roupas, presentes, objetos de consumo, lembranças, desejos.
Imponente, ainda que de humilde madeira, ele é fiel há mais de 20 anos.
Nunca saiu dali e nem sequer repudiou minhas mãos geladas.
Abro e fecho suas portas quantas vezes eu quiser e, ainda assim, quieto.
Escureceu com o tempo e impregnou-lhe um pó de poluição.
Por vezes o aliso com flanela úmida para que sinta-se, talvez, querido.
Falei-lhe poucas vezes, a maioria esbravejando com suas dobradiças.
Mas não deu-me ouvidos e nem guadou rancor, prestativo, ali ficou.
Apesar de que já roubou-me coisas, pequenas coisas que guardei.
Sim, elas sumiram. Suponho que ele possua um buraco negro, grande.
Como aqueles das bolsas das moças.
Não fiquei por isso nervoso ou incrédulo de sua devoção.
Aos sábados, deixo todas as suas portas abertas, para que sinta o vento.
Presumo que o ar frio que circula em seu interior, nesses dias, o refresca.
Como a brisa que gosto, logo cedo, ao caminhar numa manhã de outono.
Este meu armário, íntimo de meu quarto, conhece até meus segredos.
Viu-me despir e vestir tantas quantas vezes precisei, sem criticar:
Minha velhice, minha barriga, minha flacidez...
Também ouviu minhas conversas com o espelho, ou pelo telefone...
Fitou minhas companhias, foi cúmplice dos choros e gozos...
Ah, como gosto deste meu bom armário!
domingo, 3 de julho de 2011
Homenagem a Antologia Poética de Vinícius de Moraes
Topless, estirada na areia da praia,
A pele, os pelos, o sol dourado
Ilumina teu corpo, tuas curvas,
Moça bonita do bumbum empinado.
Os dois seios, pêssegos amassados,
Contra a palha tecida que deve estar feliz
De ter a volúpia assim se esfregado
Como fossem os peitos de uma meretriz.
Provoca, embasbaca com tua beleza,
Não vejo o teu rosto e teu olho marrom.
Esqueço da vida, sou todo fraqueza,
Derrete na boca, parece bombom.
Desejo-te minha, só minha, na cama,
Penso nos cabelos, carícias dos dedos,
Ouço breve suspiro que meu peito exclama
Quando sonho contigo em prazeres-enredos.
Imóvel, observo, o suor que lhe escorre
Pelas coxas redondas, parecem macias.
Dá-me um frio na barriga como a quem morre
De infarto ou de medo, perco-me na via.
De olhar-te assim, tão demoradamente,
Tropeço, esbarro, velho num calçadão
Volto a ser menino de histórias inocentes
Que Amava aurora com toda a discrição.
Ah, moça bonita és jovem demais!
E eu imaginando torrentes de orgasmo...
Contigo, coitado, não encontraria paz,
Morreria afundado na carne, no espasmo.
Tuas pernas cruzadas, teus pés abanando,
Teu corpo inteiro parece cheio de estrelas,
Cintilam no dorso, esguio, descansando.
Boquiaberto, insensato, como queria tê-la!
Sinto-me um bobo, fitando sua doçura,
Moça bonita que tem mil homens na mão.
Passarinhos, só seus, incorrem em loucuras
Para conquistar-lhe, a duras penas, o coração.
Penso no teu sexo, breve fico constrangido.
Será que me olham ou que me notaram?
Envergonhado até do cão que passeia comigo,
Desvio o olhar para ver os carros que param.
Mas não consigo evitar e em apenas um minuto
Volto atento a ela, meu maior pecado...
Surpreso, atônito, só então escuto,
Minha esposa falando de exames e resultados.
Sigo o meu caminho, sempre e devagar,
Ao lado da minha senhora companheira,
E a moça bonita, cadela do meu sonhar,
Eu deixo para trás, tresloucada na esteira.
A pele, os pelos, o sol dourado
Ilumina teu corpo, tuas curvas,
Moça bonita do bumbum empinado.
Os dois seios, pêssegos amassados,
Contra a palha tecida que deve estar feliz
De ter a volúpia assim se esfregado
Como fossem os peitos de uma meretriz.
Provoca, embasbaca com tua beleza,
Não vejo o teu rosto e teu olho marrom.
Esqueço da vida, sou todo fraqueza,
Derrete na boca, parece bombom.
Desejo-te minha, só minha, na cama,
Penso nos cabelos, carícias dos dedos,
Ouço breve suspiro que meu peito exclama
Quando sonho contigo em prazeres-enredos.
Imóvel, observo, o suor que lhe escorre
Pelas coxas redondas, parecem macias.
Dá-me um frio na barriga como a quem morre
De infarto ou de medo, perco-me na via.
De olhar-te assim, tão demoradamente,
Tropeço, esbarro, velho num calçadão
Volto a ser menino de histórias inocentes
Que Amava aurora com toda a discrição.
Ah, moça bonita és jovem demais!
E eu imaginando torrentes de orgasmo...
Contigo, coitado, não encontraria paz,
Morreria afundado na carne, no espasmo.
Tuas pernas cruzadas, teus pés abanando,
Teu corpo inteiro parece cheio de estrelas,
Cintilam no dorso, esguio, descansando.
Boquiaberto, insensato, como queria tê-la!
Sinto-me um bobo, fitando sua doçura,
Moça bonita que tem mil homens na mão.
Passarinhos, só seus, incorrem em loucuras
Para conquistar-lhe, a duras penas, o coração.
Penso no teu sexo, breve fico constrangido.
Será que me olham ou que me notaram?
Envergonhado até do cão que passeia comigo,
Desvio o olhar para ver os carros que param.
Mas não consigo evitar e em apenas um minuto
Volto atento a ela, meu maior pecado...
Surpreso, atônito, só então escuto,
Minha esposa falando de exames e resultados.
Sigo o meu caminho, sempre e devagar,
Ao lado da minha senhora companheira,
E a moça bonita, cadela do meu sonhar,
Eu deixo para trás, tresloucada na esteira.
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