domingo, 31 de julho de 2011

O DIA EM QUE TE DOEI PARA O BAZAR

Vestida de carmim,
Seguiu os meus passos
E envolveu num abraço
Meus dedos sem fim.
Sem luxo ou grandeza
Nem brilho de paetê,
Esteves a minha mercê
Em sua simples beleza.
Posto o orgulho de lado,
Rastejaste no chão
Para confortar o coração
De um pé calejado.
Acompanhou bons caminhos
E maus caminhos também.
Sempre senti-me bem
Com teus seguros carinhos.
O couro maleável,
Cúmplice de minha pele,
Couro que nunca fere,
Guardou-me, agradável.
A forma arredondada
Traz leveza ao modelo.
E agora, de frente ao espelho,
Ainda vejo-te jovem e arrojada.
Visto um preto discreto
E é tua toda a atenção,
Deixo-te a glória e a comoção
Dos últimos olhares diretos.
Tratei de ti como fosse uma filha,
Reservei-te amor e maior espaço.
Amiga no mundo é um bem escasso,
Assim considero-te velha sapatilha.
Anda comigo faz tempo,
Desde a época da faculdade...
Ainda sinto saudade
Daqueles breves momentos.
Juntas corríamos
Felizes e tresloucadas,
Quase sempre grudadas
Então descobríamos:
Um moço bonito,
Um emprego desafiador,
Um sexo sem pudor,
Um baile esquisito,
E tantas outras histórias desbotadas.

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