Me comovem essas meninas
Presas em bermudões de elanca,
Rodopiando naquele pátio
Com seus vestidos imaginários de algodão;
Num mundo cheio de purpurina,
Confetes, brilhos, balas de goma
E uns desenhos de coração.
Essas meninas crespas, abandonadas,
Remelentas e mal amadas,
Unhas sujas em mãos de bailarinas...
Que se defendem de um carinho,
Baixam os olhos com elogios,
Emudecidas pelas pancadas.
Há poesia nessas meninas.
Dançam de dia, dançam de noite,
Dançam princesas de contos de fada!
Nenhum afago, colo ou beijo,
Ou orelha encostada na pele do lugar de onde vieram.
Essas meninas rudes,
De nomes impronunciáveis,
Cheias de vida, sonhos e cores...
Nanam bonecas disformes e feias
- suas filhinhas que querem bem.
Ali esperam finais felizes, de estrelinhas,
Com palavras doces, fogos e vagalumes.
Esperam amor de um talvez alguém,
Alguém precioso como essas meninas.
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