terça-feira, 11 de setembro de 2012

Recorte de uma tarde no hospital

Achava que o amor era isso: uns meses, uns beijos, uns recados na caixa postal, uns torpedos, uns bilhetes, uns amassos e umas boas pegadas. E quando esse amor acabou, desconsolada, parou de comer. Durante um final de semana, bebeu apenas água e pôs a todos aflitos. A mãe, aquela que achava que sabia o que era o amor, levou a menina chorosa e de olhos fundos até o hospital, para que o doutor lhe dissesse algo, pois suas palavras e exemplos não convenciam a menina. Gabriela ouviu atentamente o médico, paciente, aguardou a bolsa de soro se esvair em seu corpo por uma hora. Depois, quieta e de cabeça baixa, perguntou à mãe: porque dói tanto? E ficou sem resposta. Esta bem queria dizer-lhe: Ah querida, todos doem, o amor está em toda a parte... Mas estava por demais cansada e assim ficaram ali, sentadas no banco, até o retorno para a reavaliação.


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