Um pedaço de mim morreu
Na tarde em que vi teus olhos
Marejados, acuados de medo,
Esquivos no canto do quarto,
Qual bicho pequeno em perigo
E o perigo era eu.
Um pedaço de mim morreu
Na tarde em que te roubei o riso
Para dar-te o pranto, o grito,
O jogar-se ao chão de dor,
Qual criança pequena oprimida
E a opressão era eu.
Um pedaço de mim morreu
Na tarde em que eu era mãe,
Mais uma vez e como sempre,
Na cruel tentativa tola de educar,
Qual ser perdido em perguntas
E as respostas não existiam.
A única certeza do agora
É que um pedaço de mim morreu.
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