domingo, 3 de março de 2013

Ira

I

Dorme no fígado,
Em sono vertical,
A massa calcificada
De palavras quietas,
Inauditas e engasgadas,
De raiva e torpor.
Aprisionadas no lobo,
Às vezes sussurram
Desejos e obscenidades,
Por tempo demais
Contidas nessa cirrose.

II

O fio da faca.
O tapa na cara.
O grito demente.
A unha na carne.
Tudo repousa e bóia
No amarelado fétido
Da bile que carrego.

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