Nos últimos dias, meu coração ficou apertado enquanto eu observava meus meninos e meninas - como carinhosamente chamo meus jovens alunos - participarem do campeonato interclasses da escola.
Senti-me um tanto deserta de vida, da vida latente que brilha nos olhos de cada um deles e que eu, ao longo dos anos da madureza, deixei ir embora.
Ah, como são bonitos!
Olho para eles com curiosidade até, porque mal lembro de mim em época parecida, e da beleza que eu carregava e nem sabia.
Isso porque na juventude costumamos achar nosso corpo feio e nossa cara esquisita! Que tolice! Talvez tenha sido o tempo em que o conjunto da minha obra esteve mais equilibrado. Tempo de cabelos vívidos, olhar profundo e curvas harmoniosamente pioneiras. Os músculos ainda tenazes e sem a flacidez de carregar filhos ou as indesejáveis inconveniências de fast food acumulado… Os desejos à flor da pele, como bolhas de sabão prestes a explodir… E uma alegria!
Aquela alegria de despertar para o mundo, de desafiá-lo sem pudor; alegria de amar demoradamente um amigo e rapidamente um fazer qualquer.
Senti-me assim, bem sozinha, ao vê-los ali, me rodeando dessa força alaranjada que eles têm. E depois... Depois eu fiquei com uma baita saudade.
Saudade deles, que vão caminhar sem minhas mãos, ainda que estejam perto - nas visitas regadas novidades a abraços apertados.
Saudade de mim, da parte que fui e que às vezes tento encontrar: aquela eu que aparece quando escorrego num toboágua, quando beijo meu amor ou quando brado e levanto minha bandeira na rua.
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