quinta-feira, 16 de setembro de 2010

# Tentativa 3 - Continuação #

* 4 *


          Lara Eurídice do Sacramento. Este era seu nome, aquele que sua mãe havia escolhido para que carregasse por toda a vida, para que fizesse história e deixasse um legado.
          O nome composto, de inspiração mística, fazia referência a duas divindades greco-romanas. Lara fôra uma ninfa considerada pelo seu povo a deusa do silêncio eterno e Eurídice, era a divindade da justiça sábia, personificada numa ninfa pela qual Orfeu se apaixonou perdidamente.
          A menina, ao ler essas informações num livro da biblioteca de sua escola, ficou estupefata. Que impressionante! Já estava abalada por perceber que outros povos acreditavam em muitos deuses e não apenas em um, aquele que conhecia. E, além disso, duas dessas deusas tinham os mesmos nomes que os seus, idênticos!
          Será que por ter esses nomes ela também teria poderes? Será que era por isso que não reclamava de nada e preferia ficar quieta, com suas histórias guardadas em sua cabeça? Será que era por causa desses nomes que ela não achava que o mundo era um lugar justo de verdade?
          É óbvio que disso a mãe nada sabia. Escolheu Lara porque viu uma moça bonita na novela das oito que tinha esse nome e Eurídice era homenagem a uma grande amiga, que havia perdido para a fome, quando era bem pequena.
          A menina foi logo perguntando a Dinha, quando chegou em casa, de onde a mãe tinha escolhido seu nome.

- Ah minina, ocê pricisa mesmo sabê! Sua mãe gostava di nome diferenti, quiria que ocê fosse única até nisso. Iscolheu esse seu nome bunito dimais purque ocê merecia carregá ele, por toda essa vida. Eu sei qui foi uma homenage a duas muié muito bunita, muito das honrada, qui si num fosse gente seria anjo ou deusas, di tão boas qui elas eram! Mais purque essa pregunta agora?
- Nada não, só estava curiosa.

          A menina sorria um sorriso bem grande, estava feliz da vida. Tinha um nome, ou melhor, dois, que eram as coisas mais bonitas que ela podia ter. Sentiu-se mesmo uma deusa e foi caminhando pela estrada de barro como se estivesse caminhando por cima das nuvens.

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