terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Elvis

E num instante, assim de repente,
Eu te amei de um jeito simples,
De riso contente,
Como se te conhecesse de outra vida.
E você foi ficando em mim,
Guardado bem perto,
Divertindo meus dias...
Camarada, eu te repito, 
Quantas vezes precisar ouvir,
Que te amo de amor puro e louco,
Desmedido e sem pudor...
Aquela paixão imensurável de amiga
Que te quer bem a qualquer custo!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bem lá no fundo...

Não quero mais textos, discussões e pessoalidades,
Não aguento mais opressão, fingimento, formalidades,
Não desejo mais transformar discursos alheios em sinceridade,
Não estou prá quem reclama, prá quem inflama,
Prá quem sustenta o corpo e a alma sobre chão de maldades.

O que eu preciso, agora e sem demora,
É uma jabuticabeira no meu quintal!
A paz da sua sombra, o afago da tua casca,
O doce que escorre pelo canto da boca que saboreia a fruta madura.
Sim, eu quero é viver!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Luiz Fernando

E num dia assim cinzento,
Estava eu em pedacinhos.
Destruída por maus ventos,
Refazendo-me sozinha...
Quando então doces palavras
Recebi num bilhetinho,
De letras que não eram suas
Mas revelavam teu carinho.
Minha alma sorriu surpresa,
E depois do riso, o pranto...
Pois jamais tive clareza
Do porquê, do como e quanto
Minha existência seria capaz
De tocar, de transformar o outro,
Nessa vida tão fulgáz
Em que compartilhamos pouco.
Agradeço por reconhecer
O amor que dedico a lida.
Estou honrada em saber
Que participo de tua vida.
E com delicadeza,
Deixo um pouco de mim em você.
Te levo em meu coração
Como o aluno que não quero perder!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ofício

Preparo a terra:
Afago, misturo, limpo,
Acolho entre os dedos.
Adubo a terra:
Dissolvo, revolvo,.
Cavoco com maciez e
Sem precisão.
Semeio a terra:
Com cuidado e firmeza,
Seleciono a semente,
Planto.
Rego a terra:
Não encharco e nem pingo,
Tento o certo.
Então espero.
Que o universo e suas partes,
Cada qual no seu papel,
Completem o trabalho.
E até rezo.

Ah! Como eu gostaria!
Poder ver as plantas, em flor, no tempo exato que saciasse a minha ansiedade!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Experiência Concreta

TODOS    TODOS    TODOS    TODOS
TODOS    TODOS    TODOS    TODOS
TODOS    TODOS    TODOS    TODOS
TODOS    TODOS    TODOS    TODOS
TODOS    TODOS    TODOS    TODOS
TODOS    TODOS    TODOS    TODOS            D
                                                                             E   S  L
                                                                                           O
                                                                                                C A
                                                                                                       D
                                                                                                       A                       

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ISADORA ADORA - PARTE II

A - areia, aniversário, anjinho, amiguinhos
B - batom, Beatriz, bolacha, banho, barra de cereal
C - cachorro, correr, cozinhar, calcinha
D - damasco, dançar, desenhar, danoninho
E - estrelas, esconde-esconde, escovar o dente
F - fanta laranja, festa, fazenda, formiguinha
G - gira-gira, guti-guti, gelatina de limão
H - Horto, história
I - igreja
J - Joana e Joaninha, jogar pedrinhas
L - laranja, lua cheia, limpar com paninho
M - macarrão, música, moedas, mexerica, morena
N - não
O - ônibus, oração
P - pirulito, perfume, parque, piano, presente
Q - quarto, quintal
R - rolar na cama igual rocambole
S - surpresa, saci-pererê, samba-lelê, sapatinho
T - tesoura, terra, teclado, tonquinha
U - umbigo
V - verso, volante, vaquinha, varrer, vizinho
X - xeretar nos armários
Z - Zeca

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Filha

Há tanto de mim em ti
A melhor e a pior parte.
Vendo-te, posso me corrigir,
Refazer-me sem muito alarde.
És como um espelho pequenino
Que amplifica o que acredito,
O que faço, o que estimo,
O que não gosto e o que digo.
Olho você, sorrindo e correndo,
Ofegante e descabelada,
Sinto saudade do meu tempo
De menina encantada.
Eu te amo sem limites
Porque na tua infância relembro a minha,
Porque já não me sinto mais sozinha
E nem perdida no meio e no nada.
Sua existência me fortalece,
Desafia e enlouquece,
E mesmo quando tudo escurece,
Ao meu lado você adormece...
E me sinto doidamente feliz!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

De Alma Lavada

Finge, mente, esconde!
Prefiro a cruel sinceridade
Ao doce amargo de quem é morno.
Prefiro o contrário irritante
Ao sorriso enviesado de quem aceita sem desejar.
Prefiro o inimigo declarado
Ao desonesto amigo que se revela no durante.
Finge, mente, esconde!
Omite para acender ou para apaziguar.

Com paciência, aguardo e compreendo.
Minha alma é profunda, capaz de perdoar...
Mas não respeito desonestidade
E nem aquele que fica em cima do muro.

Procuro internamente um abrigo ou porto seguro.
Preciso me proteger.
Sinto-me vulnerável vivendo verdades.
Fecho os ouvidos porque sou sempre aquela:
Aquela louca, ingênua, utópica e imatura.
Cubro a boca para não maldizer em resposta
E tento seguir acreditando na beleza de ser humano.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Em agosto, Antonia...

Depois daquele dia, ela não mudou mais nenhum objeto de lugar. Ficou tudo intacto. Nada foi jogado fora. Tudo estava exatamente como na lembrança. E há mais de dois anos ela não tinha coragem para abrir aquela porta. O cômodo devia estar repleto de poeira, ácaros devorando as memórias. Sequer conseguia limpar a casa quanto mais isso. Era demais para sua vida devastada. Havia até escondido a chave dentro do pote de arroz para que não ficasse por demais atordoada em conviver com ela, pendurada no gancho da cozinha. Olhar para a chave daquela porta fazia com que se sentisse covarde, até um pouco morta também. Já não sabia o que era pior: acordar, dormir e acordar com aquela sensação eterna de impotência ou viver o horror daquela perda, que decerto, assombrava seus pensamentos diariamente. E numa manhã qualquer, dessas em que tudo está estranhamente normal, enquanto uns diziam que ela estava deprimida, outros que estava conformada e ainda aqueles que acreditavam já ter superado, ela explodiu o apartamento com uma bomba caseira. Pedacinhos de tijolos e histórias guardadas voaram pelos ares num zunido ensurdecedor. E então a dor passou.

domingo, 31 de julho de 2011

O DIA EM QUE TE DOEI PARA O BAZAR

Vestida de carmim,
Seguiu os meus passos
E envolveu num abraço
Meus dedos sem fim.
Sem luxo ou grandeza
Nem brilho de paetê,
Esteves a minha mercê
Em sua simples beleza.
Posto o orgulho de lado,
Rastejaste no chão
Para confortar o coração
De um pé calejado.
Acompanhou bons caminhos
E maus caminhos também.
Sempre senti-me bem
Com teus seguros carinhos.
O couro maleável,
Cúmplice de minha pele,
Couro que nunca fere,
Guardou-me, agradável.
A forma arredondada
Traz leveza ao modelo.
E agora, de frente ao espelho,
Ainda vejo-te jovem e arrojada.
Visto um preto discreto
E é tua toda a atenção,
Deixo-te a glória e a comoção
Dos últimos olhares diretos.
Tratei de ti como fosse uma filha,
Reservei-te amor e maior espaço.
Amiga no mundo é um bem escasso,
Assim considero-te velha sapatilha.
Anda comigo faz tempo,
Desde a época da faculdade...
Ainda sinto saudade
Daqueles breves momentos.
Juntas corríamos
Felizes e tresloucadas,
Quase sempre grudadas
Então descobríamos:
Um moço bonito,
Um emprego desafiador,
Um sexo sem pudor,
Um baile esquisito,
E tantas outras histórias desbotadas.

domingo, 24 de julho de 2011

Meditação

É bom este armário em que guardo meus pertences.
Silencioso e servil, está sempre de pé para receber o que nele deposito.
Roupas, presentes, objetos de consumo, lembranças, desejos.
Imponente, ainda que de humilde madeira, ele é fiel há mais de 20 anos.
Nunca saiu dali e nem sequer repudiou minhas mãos geladas.
Abro e fecho suas portas quantas vezes eu quiser e, ainda assim, quieto.
Escureceu com o tempo e impregnou-lhe um pó de poluição.
Por vezes o aliso com flanela úmida para que sinta-se, talvez, querido.
Falei-lhe poucas vezes, a maioria esbravejando com suas dobradiças.
Mas não deu-me ouvidos e nem guadou rancor, prestativo, ali ficou.
Apesar de que já roubou-me coisas, pequenas coisas que guardei.
Sim, elas sumiram. Suponho que ele possua um buraco negro, grande.
Como aqueles das bolsas das moças.
Não fiquei por isso nervoso ou incrédulo de sua devoção.
Aos sábados, deixo todas as suas portas abertas, para que sinta o vento.
Presumo que o ar frio que circula em seu interior, nesses dias, o refresca.
Como a brisa que gosto, logo cedo, ao caminhar numa manhã de outono.
Este meu armário, íntimo de meu quarto, conhece até meus segredos.
Viu-me despir e vestir tantas quantas vezes precisei, sem criticar:
Minha velhice, minha barriga, minha flacidez...
Também ouviu minhas conversas com o espelho, ou pelo telefone...
Fitou minhas companhias, foi cúmplice dos choros e gozos...
Ah, como gosto deste meu bom armário!

domingo, 3 de julho de 2011

Homenagem a Antologia Poética de Vinícius de Moraes

Topless, estirada na areia da praia,
A pele, os pelos, o sol dourado
Ilumina teu corpo, tuas curvas,
Moça bonita do bumbum empinado.
Os dois seios, pêssegos amassados,
Contra a palha tecida que deve estar feliz
De ter a volúpia assim se esfregado
Como fossem os peitos de uma meretriz.
Provoca, embasbaca com tua beleza,
Não vejo o teu rosto e teu olho marrom.
Esqueço da vida, sou todo fraqueza,
Derrete na boca, parece bombom.
Desejo-te minha, só minha, na cama,
Penso nos cabelos, carícias dos dedos,
Ouço breve suspiro que meu peito exclama
Quando sonho contigo em prazeres-enredos.
Imóvel, observo, o suor que lhe escorre
Pelas coxas redondas, parecem macias.
Dá-me um frio na barriga como a quem morre
De infarto ou de medo, perco-me na via.
De olhar-te assim, tão demoradamente,
Tropeço, esbarro, velho num calçadão
Volto a ser menino de histórias inocentes
Que Amava aurora com toda a discrição.
Ah, moça bonita és jovem demais!
E eu imaginando torrentes de orgasmo...
Contigo, coitado, não encontraria paz,
Morreria afundado na carne, no espasmo.
Tuas pernas cruzadas, teus pés abanando,
Teu corpo inteiro parece cheio de estrelas,
Cintilam no dorso, esguio, descansando.
Boquiaberto, insensato, como queria tê-la!
Sinto-me um bobo, fitando sua doçura,
Moça bonita que tem mil homens na mão.
Passarinhos, só seus, incorrem em loucuras
Para conquistar-lhe, a duras penas, o coração.
Penso no teu sexo, breve fico constrangido.
Será que me olham ou que me notaram?
Envergonhado até do cão que passeia comigo,
Desvio o olhar para ver os carros que param.
Mas não consigo evitar e em apenas um minuto
Volto atento a ela, meu maior pecado...
Surpreso, atônito, só então escuto,
Minha esposa falando de exames e resultados.
Sigo o meu caminho, sempre e devagar,
Ao lado da minha senhora companheira,
E a moça bonita, cadela do meu sonhar,
Eu deixo para trás, tresloucada na esteira.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

7:40 - Metrópole

A turba já chega de olhos fundos,
Os rostos estampam noite mal dormida.
Fitam as janelas desejando os assentos,
Esperam no olhar alguma acolhida.
E as portas se abrem como fossem do céu
Mas não, são de uma lataria sobre trilhos,
Que transporta as gentes, os seus e os meus,
Levando sonhos, sacolas e filhos.
Superlotado, impossível adentrar,
Segue outro vagão enquanto eu possa esperar.
- O tempo é cruel, certeiro se esvai...
A longa espera finalmente termina.
Não que o trem tenha ficado vazio
Mas porque o compromisso assim determina.
Tomo ar, encho o peito de oxigênio precário,
Peço desculpas, piso pés, entro determinada.
Esmagada entre o vidro e as coxas do operário,
Sigo meu caminho, pensativa e envergonhada:
Um desconhecido grudado em mim,
O corpo colado e eu nada posso fazer.
É um ajuntamento de pessoas sem fim,
Imóveis, silenciosas, aguardam o moço dizer:
- Estação Sé... desembarque pelo lado esquerdo do trem.
E o povo, amontoado, sai por um lado,
Enquanto outros tantos empurrados já vem.
(quase que me levam também)
Lusco-fusco verde nesses túneis de zunido,
Atenta ao que passa para esquecer o calor.
Ironia meu destino ser o Paraíso,
Depois dos dissabores infernais do metrô.

terça-feira, 28 de junho de 2011

"Depois do Café Filosófico de José Miguel Wisnik" ou "Melancolia"

Corpo sem casa.
Visito a cama que durmo, diariamente.
Nem parece minha.
Tem meu cheiro no travesseiro mas não sinto saudade.
Onde é que eu estive durante esses anos?
Estranha, de fora,
Perdida nesse lugar tão comum,
Forasteira na própria história.
Nenhuma fotografia ou marca ou mancha nas paredes
Faz-me lembrar do tempo em que estive presente.

Longe de casa.
Visito meu coração e sumo, diariamente.
Nem parece meu.
Tem nele seu nome gravado e eu sinto tanta saudade.
Onde você esteve durante esses anos?
Estranho, de fora,
Perdido nesse lugar tão comum.
Forasteiro na nossa história.
E todas as fotografias e marcas e manchas nas paredes
Fazem-me lembrar do tempo em que esteve presente.
E ausente.

Volta e devolve o que você me tomou
E se quiser, pode ir, mais tarde...
Mas deixe o riso
E a sensação de que pertenço a esse lugar.
Deixe o gosto doce de saber que eu tenho a mim.
Por hora, agora,
É só vazio, imensidão, ecos que tintilam a sua voz
Pelos cantos da sala e da memória.

Remédios para dormir.
Quero estar em casa de novo.

domingo, 19 de junho de 2011

Junho

Respirar profundamente.
Falta de ar.
Cof, cof, cof, cof.
Viver tão intensamente.
Custa meu ar.
Cof, cof, cof, cof.

Infla o peito, sopra balão,
Filtra tudo e enche o pulmão.
Cof, cof, cof, cof.
Medicação, inalação, oração,
Prescrição, internação.
Cof, cof, cof, cof.

Pneumonia?
Não, esta não é a razão!
Cof, cof, cof, cof.
São desavenças do coração.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Menina que Dorme com as Estrelas

Ri, alma de criança.
Ama, cheia de esperanças no
Instante fulgáz que é a vida.
Sabe-se lá o que está por vir?!
Saudade grande que sinto de ti
Agora que és apenas lembrança.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Inverno

O assovio do frio
Zune em minha cabeça
- Turbilhão de curtos filmes.
As pontas dos dedos
Arroxeadas, geladas,
Seguram o giz e a caneta
- Titubeam em trabalhar.
Afinal as cobertas,
Tão acolhedoras,
Esperam o corpo esguio
Acomodar-se para repousar
- Tentação jogar-se na cama
Por horas a fio.
A solidão do frio:
Quando os pés não encontram o par,
Quando a criança dorme ao luar
Ou quando a pilha de agasalhos
Mofa dentro dos armários,
Enquanto a televisão dispara
Notícias de mortes congelantes.
A neblina do frio
Disfarça a paisagem e o rosto
- Marcado - envelheci.
A ponta do nariz
Vermelha e pálida
Teima em respirar teu cheiro
- Impregnado nas lãs e malhas.
E o amor,
Resistente a seca,
Encharcado de garoas de inverno,
Paciente adormecido aguarda:
Que em meio a fumaça no banheiro,
Da água quente que se derrama do chuveiro,
Eu veja, estampado no espelho,
Um coração desenhado com a mão
Que guarda meu nome e o seu.
Então inverno será verão.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Outra Direção

Espero.
Conto os dias.
Pago as contas.
Canto uns versos no banho.

Espero.
Choro uns dias.
Perco as contas
Dos perdões e palavras malditas.
Me estranho.

Espero.
Muitos dias...
Me dou conta
De que não há canto, nem banho,
Nem verso, nem choro
Que devolva.
Então eu sigo.

sábado, 4 de junho de 2011

Sábado

Quase silêncio.
Barulhinho da respiração congestionada da filha que dorme.
Som dos dedos em contato com as teclas, teimosos que são, em escrever devaneios.
Ás vezes, o ruído dos carros na rua movimentada, cortam o final de noite fria.
Quase silêncio.
Porque mesmo que o mundo parasse, ainda sobrariam os gritos dos pensamentos.
E os sussurros dos desejos.
E o chorinho amargo da solidão.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Crônica dos Por quês

- Isadora, a titia vai viajar e vamos ficar alguns dias sem nos ver. Mas eu volto, tá?
- Por quê?
- Porque eu vou passear.
- Por quê?
- Por que eu gosto.
- E o tio Rogério?
- Também vai.
- E o Zeca?

- Ele não pode ir.
- Por quê?
- Porque ele é cachorro e não pode viajar de avião.
- E porque o Zeca vai ficar sozinho??? (entonação de MUITA preocupação)
- Ele não vai ficar sozinho, vai ficar no hotel de cachorro com muitos amigos.


(silêncio total...olhou pro outro lado...não gostou nada, nada...como assim não vão levar o Zeca???)

OBS: texto escrito pela minha irmã Valéria, no seu perfil do facebook e transcrito aqui por mim.
OBS 2: eu observava toda essa conversa, de boca aberta, pela sensibilidade de minha menina!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Porque não há mais palavras em mim...

Desencanto (Manuel Bandeira)

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.

terça-feira, 19 de abril de 2011

ISADORA ADORA

A - arroz, amarelinha, água do banho
B - balança, bibi, balão, boneca de pano
C - corre cotia, chocolate, cabana, carinho
D - dia de sol, descansar a tarde inteira
E - escola, espátula, escorregador,
F - festa, família, feriado e feira,
G - Geórgia, granola, giz, gira-gira que brilha,
H - helicóptero no céu
I - inventar histórias e músicas
J - jogar um jogo, jantar a mesa
L - Liliti, libélula, lembrar de princesas
M - Mné Mné, mar, mamadeira, melancia, massinha
N - noite, Ninho, neném, naninha
O - ovinhos de Páscoa
P - praia, pipoca, piscina, pé descalço, parque, passa anel
Q - quero isso, quero aquilo, queijinho
R - riscar a parede, risada, regador
S - sapo cururu, sabonete, Shrek, soninho
T - tinta, titia, tatame, tomate
U - uva, uva-passa, ursinho
V - ventilador
X - xixi no vaso
Z - zoológico, Zeca

sexta-feira, 8 de abril de 2011

07/04/2011

Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito. Estampido. Grito...

Gemido. Dor. Gemido. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor. Dor...

Zunido do Rádio. Zunido da Televisão. Espalhafato. Horror.

Silêncio. Omissão vergonhosa.

segunda-feira, 14 de março de 2011

ANA

As marcas estão aí
Espalhadas no ventre, pálpebras, mamilos,
Para delatar seus filhos,
Dores, amores...
Dizem que isso é velhice?
Cansaço?
Não, minha amiga,
Tudo isso é intensidade.
Experimentou cada momento
Com toda a tua alma.
Uns acharam "esquisitice",
Outros pensaram "felicidade",
Ainda aqueles que imaginaram "tormento".
Mas não era nada disso.
O que sentias e transbordava era mesmo vida.
E há muita beleza estampada
Nesse rosto que marcou lembranças,
Nas mãos e colo que embalaram criança,
No corpo que do amor é morada.
Não se esconde atrás de batom fulgás
Ou de lápis escuro que escorre no canto do olho marejado.
Apareces de cara lavada,
As vezes até mal dormida,
Porque não foges da lida,
Quer ser vista como é!
Não te intimides, é hora de apaziguar:
Faz teu coração dormir sereno.
Deite junto das meninas pelas quais vale amar.
Todo o resto fica pequeno
Diante da grandeza de Deus e dos presentes que Ele te dá.