terça-feira, 30 de abril de 2013

João e Maria

Solas gastas no vermelho da terra,
Sonhos pairando no cheiro do ar.
Bolas de gude e goles de tubaína,
Pique-esconde só até a esquina...
E se o tempo pudesse parar?

No peito, a voz rouca que berra:
Pelo instante, o doce e o mar.
Quer o riso fugas da menina,
Toda a paixão e adrenalina...
E se o tempo, enfim, esgotar?

Então os livros comeram as luas
E os amigos saciaram os dias.
Aquele tempo, sempre tão veloz,
Era mísero, seu fiel algoz,
Que os desejos secretos consumia.

Trabalho regrou uma mão ou duas.
Engravatado e bonito para as tias.
Restou, nesse mundo feroz,
Lamentar o tempo - animal atroz,
E a vida que aos sete (e dezessete) queria.

Quando o céu cinzento de agosto,
Iluminado de fogos de artifício,
Segurou sua mão diante do precipício:
Vinha leve, sozinha, vestia poesia...
Era sua, menina, era ela, Maria.

(para Rafael Lucas completar quando quiser) 

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